sábado, 24 de março de 2012

Manias - Transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) em crianças

Crianças são cheias de manias. Você bem sabe disso. Só que essa característica também está ligada a quem tem o transtorno obsessivo-compulsivo (TOC). Para diferenciar o que é próprio da fase do seu filho ou um problema é preciso observar a frequência em que essas manias acontecem. Ou seja, quando a criança simplesmente não consegue deixar de fazê-las e sofre com isso. Mas lembre-se: só um especialista pode dar o diagnóstico. Nem tudo é TOC. Para entender melhor sobre o transtorno, CRESCER conversou com a psiquiatra Ana Beatriz Barbosa Silva, que recém-lançou Mentes e Manias (Ed. Fontanar/Objetiva R$ 34,90). Na obra, ela dedica um capítulo inteiro para falar do TOC na infância. CRESCER – O TOC tem idade para começar? Ana Beatriz Barbosa Silva – Geralmente, começa na adolescência, mas pode aparecer na infância também, entre 6 e 8 anos, em média. Essa é justamente a fase em que a criança começa a ser ver como indivíduo e parte de uma sociedade. Até então, ela achava que era uma extensão dos outros ao seu redor. E para esse amadurecimento natural é comum que ela adote certos rituais e apresente pensamentos obsessivos. Por exemplo: as crianças costumam temer muito a morte da mãe, então, elas coçam o nariz três vezes para protegê-la, ou só andam nas pedrinhas brancas quando estão na rua. Essas pequenas manias fazem parte do crescimento. O problema está quando, junto com elas, vem um alto nível de ansiedade - e o que era só esporádico vira rotineiro e passa a atrapalhar a socialização -, como aquela criança que não consegue ir para a casa de um amigo porque tem medo de deixar a mãe sozinha e algo de ruim acontecer com ela. CRESCER – Como diferenciar manias de TOC? A.B.B.S. – O TOC traz sofrimento. A criança não consegue deixar de repetir aquele ritual, e isso compromete a sua vida na escola, com a família, os amigos. É importante prestar atenção no seu filho e ver se aquelas manias típicas da infância não ultrapassam a linha do que é saudável ou não. Uma criança que tem pavor de se sujar, e precisa trocar de roupa imediatamente, e aquela que arruma o quarto de um modo que, se alguém mexer, ela se tornará explosiva, são casos que merecem atenção. Outro exemplo são aquelas que não admitem um erro: se escrevem uma palavra com a grafia incorreta, não são capazes de passar a borracha no caderno, arrancam a folha e começam tudo de novo. Mexer sistematicamente em machucados, arrancar as casquinhas ou fios de cabelo e pêlos da sobrancelha. Tudo isso pode ser indício de TOC. Mas essas coisas têm de envolver sofrimento, porque as crianças simplesmente não conseguem não fazer. CRESCER – O TOC em crianças acontece da mesma forma que nos adultos? A.B.B.S. – Nas crianças há o agravante de que elas ainda vivem em um mundo permeado por fantasia. Isso quer dizer que elas realmente acreditam que, se não ficarem o dia todo monitorando a mãe pelo celular, ela poderá morrer. O adulto, por outro lado, tem consciência de que os seus rituais não são lógicos, apesar de ambos não conseguirem controlá-los. Até por isso é mais fácil o diagnóstico nas crianças. Por mais que elas não falem abertamente sobre a questão, elas dão muito mais indícios. Já os adultos se sentem constrangidos e geralmente escondem o problema. CRECER – Como o transtorno é desencadeado? A.B.B.S. – É preciso ter uma predisposição genética para desenvolver TOC e algum fator que o desencadeie. Nas crianças, pode ser um estresse prolongado (que dure entre 1 e 2 anos), como a separação complicada dos pais, algum parente com uma doença séria, o bullying na escola. Crianças com essa carga genética também serão mais perfeccionistas e extremamente controladoras. Porém, o mais importante não é descobrir o que desencadeou o TOC, mas sim tratá-lo. CRESCER – E como é o tratamento? A.B.B.S. – O TOC é o transtorno que mais mexe com a taxa de serotonina, uma espécie de antidepressivo cerebral. Funciona assim: quanto mais baixo o nível de serotonina, maior a incidência de pensamentos negativos e obsessivos. Então, o primeiro passo é procurar um médico, já que o problema não melhora espontaneamente. O tratamento é medicamentoso e psicoterápico. Remédios para controlar a taxa de serotonina e terapia para expor a criança ao objeto de obsessão ou a situações que antes ela achava catastrófica – o objetivo é que ela perca completamente o medo e bloqueie o ciclo de pensamentos ruins. Por isso, os pais não podem ter preconceito em dar remédio para os filhos. No livro, uma mãe diz em seu depoimento que foi muito difícil a decisão de dar medicamentos psiquiátricos para o seu filho, mas, no fim, ela percebeu que era como se ele tomasse remédios para o coração, por exemplo. Ele teria que conviver com aquilo. Tratar o TOC na infância abre uma possibilidade enorme de que na idade adulta, fase mais crítica, o transtorno fique em um grau mais leve. Fonte: Revista crescer - uma entrevista com a dra. Ana Beatriz - psiquiatra

É normal meu filho ter um amigo imaginário?

De repente, você ouve seu filho conversando sozinho. Quando pergunta com quem ele está falando, a resposta é objetiva: “Com o meu amigo, é claro!” Com o passar dos dias, ele pede para você colocar mais um prato na mesa, guarda um lugar no sofá e até briga com o amigo invisível. Se isso está acontecendo com seu filho, nada de entrar em pânico. O amigo imaginário, também conhecido como invisível, é um velho conhecido do universo infantil. A maioria das crianças entre 2 e 7 anos têm um. Eles fazem parte do desenvolvimento e só trazem benefícios. Pesquisas mostram que os pequenos que têm um amigo imaginário desenvolvem um melhor vocabulário e melhores habilidades narrativas. Enquanto conversa com o seu “amigo secreto”, a criança cria histórias e brincadeiras e ainda ganha uma nova "companhia". Eles são como um ensaio para o convívio real e você deve entrar na brincadeira de seu filho. "Esses seres funcionam como muletas para as crianças entrarem no mundo da realidade. Algumas criam e dão características que gostariam de ter. Outras transferem para o amigo os medos que não conseguem enfrentar", explica a psicopedagoga Maria Irene Maluf, especialista em educação especial. E você pode aproveitar essas “conversas” para conhecer mais seu filho. Aos poucos, a criança vai perceber que é muito mais legal brincar com os amigos de verdade e a despedida acontece sem traumas. Só fique alerta caso ela prefira o amigo imaginário aos reais. Nesse caso, é melhor ouvir a opinião do pediatra. Fonte: Revista crescer on line